domingo, novembro 07, 2004

Voce acha que vai ser tão facil de se livrar de mim, Murphy?

Olha o MAMUTE aqui de novo! Num resisti...

Filho, eu e sua mãe decidimos fumar um baseado com você.
Juninho ficou olhando pros pais, sem acreditar. Eles estavam ali dizendo que, depois de tantos anos insistindo em conselhos, castigos e até orações, resolveram experimentar pra ver o que afinal o filho tanto via num cigarro de maconha. O importante era a união da família.
Dez minutos depois os três estavam sentados no quarto do Juninho. Terminaram de fumar. Juninho, que ainda não acreditava, recusara-se a fumar também. Inventara uma desculpa qualquer mas a verdade é que alguém tinha de ficar careta pra segurar a onda.
- Não tô sentindo nada - reclamou a mãe.
- Calma, Vanda, demora um pouco - explicou o pai com ar de entendido. - Não é, Juninho?
- Você tá bem, mãe?
- Tô ótima, quer dizer, tô normal. Normalíssima - respondeu a mãe, rindo.
- Eu também - disse o pai. - Aliás, nunca me senti tão normal em minha vida.
- Mãe, qualquer coisa tem leite na geladeira, viu?
- Engraçado... Vanda, há algo errado com minhas orelhas?
- Suas orelhas? - A mulher olhou curiosa pras orelhas do marido. - Não, por quê?
- Estou sentindo elas maiores... - Ele apalpava as orelhas, intrigado.
- É normal, pai. É viagem.
- É normal as orelhas crescerem? - perguntou o pai, indo conferir no espelho do banheiro.
- Pois eu continuo normalíssima - observou a mãe, rindo do marido. - Eu e minhas orelhas.
- Tem gente que não viaja da primeira vez, mãe.
- Vanda! - gritou o marido de repente. - Vanda, vem aqui correndo!
A mulher correu assustada. Chegou ao banheiro e deu com o marido se observando atentamente ao espelho.
- Eu sempre fui assim, Vanda? Sempre?
- Assim como? - Ela não compreendia. O filho, atrás dela, muito menos.
- Como você pôde aturar essa barba horrorosa durante todos esses anos, Vanda? Heim?
- Não vem com essa, Afonso. Você sempre disse que era o seu charme... - respondeu a mulher, surpresa.
- Pai... - Juninho começava a se preocupar.
- Minhas preces foram ouvidas! - A mulher ria, voltando pro quarto.
- Acho que eu ficaria melhor sem barba...
- Mãe, não deixe... - Juninho correu pra mãe, assustado com o rumo das coisas. - Isso é viagem, mãe, é viagem!...
- Então não se meta na viagem de seu pai... - ralhou a mãe, beliscando o menino, sem conseguir parar de rir.
- Vanda, faz quantos anos que você não solta seu cabelo? - perguntou o marido de volta do banheiro, retirando de repente a fivela da cabeça da mulher.
- Eu? - Ela, surpresa, tentou impedir mas foi tarde. - Afonso! Dá aqui, dá!
- Não fica melhor assim, filho, não fica? Eu sempre disse mas ela nunca escutou.
- Pai, eu acho que... será que..
- Juninho, você tem algum bolero aí pra eu dançar com sua mãe? O que é isso aqui?
- Ann, Raimundos, pai. Acho que você não vai gostar muito não...
- Tá vendo, Vanda? Precisamos comprar uns cedês pra nós dois.
- Pai, bota um pouco desse colírio aqui...
- Afonso... - disse a mulher, o tom da voz levemente lânguido, como havia muito tempo ela não experimentava. - A noite está ótima... Bem que a gente podia ir dançar no clube. Diz que hoje tem um conjunto bárbaro...
- Sabe que você teve uma grande idéia, Vanda
- Pai, não precisava pingar tanto. Mãe, você tem certeza que..
- Enquanto você reserva a mesa vou tomar logo meu banho, Afonso - falou a mulher correndo pro banheiro. - Será que ainda sei dançar?...
- E por que a gente não toma banho junto? Economiza água..
Naquela noite eles voltaram pra casa às quatro da manhã. Juninho ainda rolava na cama, preocupado. Não conseguira dormir e tampouco conseguira estudar pra prova. Escutou abrirem a porta e experimentou um alívio imenso. Os dois entraram se esforçando pra não fazer barulho - mas não conseguiram.
- Afonso, você ficou um pão sem a barba...
- Aqui não, Vanda, vai acordar o Juninho...
Juninho não conseguia pegar no sono. Não lembrava de ter alguma vez se preocupado daquela maneira com os pais. Não devia ter permitido, sabia que não devia. E se tiverem realmente gostado? E se ficassem viciados, o que podia acontecer? Seu pai tirara a barba depois de 5 anos, ficara tão estranho, não conseguira olhar direito pra ele. E se chamarem os amigos pra fumar, o que eles acharão? E o trabalho do pai, não podia prejudicar? E a mãe então, nunca vira a mãe rir tanto, parecia uma... uma débil mental. E se dessem muita bandeira e a polícia descobrisse? - a vergonha que seria... Não podia fazer mal à saúde deles? Não era perigoso fumar e sair por aí?
Por fim eles se recolheram ao quarto. Juninho virou pro lado e fechou os olhos, tentando esquecer, tinha de acordar cedo, quase não dormiria. Bom, talvez fosse só empolgação, primeira vez dá nisso mesmo. Pai e mãe são muitos inexperientes pra fumar maconha. Mas ainda ouviu a voz da mãe, um segundo antes de fechar a porta:
- Onde será que ele guarda?


Eu devia me aproveitar da situação, mas tem um lado meu que não deixa. A minha namorada tinha me proposto uma aposta que consistia do seguinte:
Na eleição americana: Se der Bush ela ganhava e se desse Kerry eu ganhava. Quem ganhasse tinha direito de fazer o outro agar uma prenda. Eu tava quieto até hoje por que eu não tinha falado nada se aceitava ou não, mas se tivesse dado Kerry eu ia pedir pra ela parar de fumar. Ja que ela ganhou nada mais justo. Vamos ver o que ela vai escolher pra mim.

Pra quem só tem banda larga pra matar a saudade: 56 kbps Modem Externo Us Robotics

É isso Aí

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